Flanar Aprendiz, um verbo para os novos tempos é um projeto de extensão do Departamento de Letras da UFSCar e do grupo de pesquisa Tessituras, coordenado pelo Professor Pedro Varoni, em parceria com o Instituto Mário de Andrade.

Uma das obras de referência de Mário de Andrade é o Turista Aprendiz, em que ele empreende uma viagem etnográfica pelo Brasil profundo e a registra em notas breves. Essa atividade inspira-se na ideia do aprendiz, transportada para outro contexto e realidade. O intuito é incentivar registros fotográficos-poéticos da experiência nas cidades, no espaço urbano, a partir da ideia do flâneur, um arquétipo da experiência moderna.

O propósito do “flâneur aprendiz” é estimular um outro olhar- poético, filosófico- sobre a cidade a partir da experiência de caminhar pelas ruas e observar: natureza, pássaros, contradições, poesia. É um exercício “antiselfie”. Importa o nosso olhar, não nossa presença, sendo, por isso, mais dialógico.

A inspiração é a figura do Flâneur, o poeta moderno descrito por Walter Benjamim em seus estudos sobre Baudelaire. Um personagem que caminhava pelas cidades buscando se contrapor aos imperativos da aceleração do tempo, chamando atenção para detalhes que passam despercebidos por quem circula com os sentidos embotados pelo ritmo da vida moderna.

 O Flanar do século XIX ressurge como verbo e aprendiz no século XXI. (Re) aprender a observar, se perder nos detalhes e na capacidade de transformar essa experiência em linguagem. E dividir essas impressões na forma de poemas, fotos, crônicas e vídeos ou outra forma de expressão que cada um achar mais adequada. Criaremos assim uma rede do Flanar aprendiz, reaprendendo o que a velocidade dos tempos modernos nos roubou.

 Queremos estimular o exercício contemporâneo do flanar, valorizando também relatos críticos das cidades sem passeios, do privilégio aos automóveis, os espaços e sujeitos interditados, da periferia ao centro, do rural ao urbano.

Reaprendemos também que havia um privilégio ao masculino na figura do Flâneur. Para as mulheres, o olhar livre tem exigido muita luta e resistência e estudos contemporâneos tem restituído a importância da Flâneuse.